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Uma palavrinha com a ZAZ

por Ana Manfrinatto

A cantora francesa disse estar mais do que contente por finalmente conhecer o público brasileiro

“Nossa, olha só que louco: há três anos eu morava em Buenos Aires, fazia curso de francês porque não sabia falar nada e ouvia as suas músicas enquanto lia a letra para treinar o idioma. Hoje estou te entrevistando em francês! Pra você é mais uma entrevista mas, pra mim, pode ter certeza que será inesquecível”.

Foi assim, como se eu tivesse falando com uma amiga, que terminou a conversa com a ZAZ na última quarta-feira. A entrevistei para a revista argentina indieHearts horas antes dela partir rumo a primeira turnê pela América do Sul. “On hallucine! Estamos morrendo de vontade de encontrar com o nosso público”, disse, também como se tivesse falando com uma amiga.

Ela, que nasceu Isabelle mas escolheu o apelido ZAZ pela alusão a um ciclo constante (“Z é a última letra do alfabeto, mas depois vem o A até chegar no Z de novo”), é a cantora francesa que saltou para a fama internacional com o hit Je veux em 2010 e que, segundo a imprensa, viria a ser a nova Edith Piaf.

“Na época fiz muitos shows, dei muitas entrevistas, ganhei muito dinheiro mas estava triste”, desabafou. Passado o lançamento do segundo álbum, Recto Verso, em 2013, ela conta com a serenidade necessária para aproveitar o que está acontecendo. “Foi a primeira vez e, como toda primeira vez, não soube lidar. Aprendi a me respeitar e agora estou aproveitando tudo”.

Com “tudo”, ZAZ se refere ao fato de que a sua mistura de chanson française, jazz manouche e voz rouca tenha vendido mais de dois milhões de cópias em todo o mundo; que ela tenha sido a artista francesa que mais tocou no exterior em 2010 e, sobretudo, que conseguiu realizar o sonho da turnê latinoamericana – algo não muito comum para músicos francófonos.

Je ne suis plus une gamine

“Não sou mais uma menina”, é o nome da música de trabalho do segundo disco. No entanto, sobre os quatro shows que ZAZ vai fazer no Brasil (hoje em Belo Horizonte, amanhã no Rio de Janeiro e sábado e domingo em São Paulo), ela diz estar “mais do que contente, feliz como uma criança”.

“Conhecer o Brasil é um sonho, adoro a música de Tom Jobim, João Gilberto, Tânia Mara. Queria saber português para entender a poesia deles. Sem falar no sol, nas danças e nas pessoas autênticas e abertas que espero encontrar. Mal vejo a hora de ver a energia do público e de compartilhar a nossa energia com eles”, disse. “Sei da pobreza e das favelas, mas da dificuldade nasce muita riqueza, muita cultura urbana”.

Sold out

Assim como em Santiago, Buenos Aires e Montevidéu, a maioria dos shows brasileiros já está com os ingressos esgotados. “É muito frustrante, mas dessa vez não tinha como acrescentar mais apresentações. Vemos as mensagens no Facebook e estamos super tristes por quem vai ficar de fora mas, por isso, estamos pensando em voltar ainda este ano”.

Fica o consolo para os fãs e, da minha conversa de 40 minutos, a certeza de que ZAZ é uma garota de 33 anos que, embora diga já não ser mais uma menina, faz jus ao que canta. Je Veux d'l'amour, d'la joie, de la bonne humeur, c' n'est pas votre argent qui f'ra mon bonheur, moi j'veux crever la main sur le cœur. Trocando em miúdos, não quero dinheiro, eu só quero amar <3

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