por Luiz Alberto Mendes

 

Provavelmente uma das situações da vida que mais nos trazem aborrecimentos sejam as transitoriedades. A passagem de um estado para o outro. Qualquer coisa que nos obrigue a mudar alguma coisa em nossa vida, nos incomoda de verdade. Acordar cedo e ter que sair da cama para fazer uma necessidade básica é horrível, quanto mais se for para ir trabalhar. É quase dolorido. Depois de estarmos no trabalho até que nos conformamos bem. Mas o trânsito para lá é irritante. Se pega o metrô ou ônibus, o aglomerado humano nos chateia a não mais poder. Caso estejamos de carro, é o trânsito engarrafado que anda metro a metro que nos deixa com os nervos à flor da pele. A maioria xinga, esbraveja e faz a maior cara de poucos amigos; mulheres lindas tornam-se feias, horríveis; os homens então, atiram olhos ferozes na gente que são de meter medo. Provavelmente isso tem a ver com comodidades. Em casa estamos acomodados em nosso conforto, na rua há sempre imensos obstáculos a serem transpostos. Mudar de emprego, mudar de casa e mudar de escola são transtornos que nos parecem insuperáveis até que somos obrigados. São mudanças tão drásticas e dramáticas que estressam ao ponto de muitos precisarem até de remédios para os nervos, calmantes e antidepressivos. E ainda há a fase de adaptação à nova realidade, estabelecer novos relacionamentos, conhecer os "chefes", uniformes, posturas, uma infinidade de novas e estafantes  mudanças. Mudar de companheiros então nem se fala. É a maior dor de cabeça; há quem suporte um mal relacionamento somente por todos os problemas que serão gerados. Mudar de amigos, mudar de objetivos, sonhos, ideais, até de estado de espírito é muito complicado. Exige de nós tamanha quantidade de atitudes que só de pensar já desanima. Mudar de roupa, de cama, de atitude nos incomoda barbaridade; tira nosso sossego e desconforta demasiadamente. Mudar de vida então, nossa! É trabalho em demasia, cansativo, causa estafa e até depressão. E a mudança mais radical que é morrer e mudar para uma nova condição sobre a qual nada se sabe? Isso é a morte para qualquer um de nós, deixa a todos nós desejando que se abra o chão para a gente entrar dentro ou se fulminado por um raio!!!

                                                **

Luiz Mendes

05/07/2015.

fechar